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Anomia / Urbs_opsis

  • annaluizaas
  • 11 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Andréa Vilanova - membro EBP/AMP



Anomia é o nome de uma série de imagens produzidas pelo fotógrafo Luiz Baltar, que tive o enorme prazer de conhecer na exposição coletiva “Topografias Imaginadas”, no Centro cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, em agosto passado. Trata-se de um trabalho que extrapola os limites do que pensamos como fotografia, compreendida a partir da captura de um instante. Como o tecido do sonho, o trabalho de Baltar se compõe de fragmentos, imagens próprias e apropriações, tudo isso entrelaçado a suas inquietações e ao “sentimento profundo de desânimo com o futuro”. Afirma que seu trabalho “gira em torno da construção de paisagens sociais e políticas” e, ainda, utiliza como material “memórias pessoais e coletivas”. Como manejar elementos heterogêneos de modo a plasmar realidade? Parece que a arte e o sonho se tocam.


Neste trabalho, em especial, as técnicas de edição têm protagonismo, instruídas pela modulação do olhar do artista que rasga e recompõe a cidade. Se a edição de imagens no sonho cumpre um papel fundamentalmente ligado à manutenção do sono, ancorada nos mecanismos de condensação e deslocamento, produzindo interpretação, Anomia parece alcançar o mesmo efeito sobre o espectador, ao menos, sobre mim. O desânimo profundo não detém o artista, pelo contrário, insufla a imaginação. Escombros, estilhaços, devastação encontram na poética de Baltar uma interpretação que, por um lado, destitui os contornos do belo, da boa forma e da ordem e, por outro, libera do caos um desassossego que não cabe na imagem, transborda e ganha vida. Inquietante e bela, a obra nomeia “violação das leis”, “desorganização, catástrofe”, um estado onde “padrões de conduta e crenças desaparecem”. Não seria esta a raiz do sonho que em cada um de nós se faz semente do que podemos ser? A partir da psicanálise o sonho não pode ser reduzido a um mero mecanismo neurobiológico. Se para o artista, Anomia é a “biopsia visual de um colapso”, penso que para nós, psicanalistas, o sonho, que só pode ser tomado a partir de seu relato, poderia ser pensado como biopsia verbal de um fracasso. É testemunho da vida que em nós insiste, exatamente por fracassar.


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